Influenciador | Até Onde Devemos Aconselhar? Haverá Limites?

Nos dias de hoje vemos, todos os dias, um novo influenciador a nascer.

Influenciador

Poucos com aquela paixão pela escrita e pela partilha (cada vez mais raro, é certo) e muitos com uma sede incontornável de receber brindes, convites e reconhecimento fácil.

Actualmente, vemos a maior parte destes criadores de conteúdo a mandar palpites e "bitaites" sobre todas as áreas e mais algumas. Vemos pessoas sem qualquer tipo de formação na área X a aconselhar e afirmar como lei determinada ideia nessa área X.

Porque faz sentido na cabeça delas.
Podem não saber justificar o porquê de fazer sentido na cabeça delas, mas faz.
E isso é o suficiente.


Informação correcta ou não? Não! Muitas vezes, informação errada.
Será isto uma boa atitude? Duvido muito!
Será que esta atitude é reconhecida? Infelizmente, sim. Vemos muitos influenciadores "grandes" a dizerem merda da boca para fora e a receberem todo o tipo de apoios e reconhecimentos por parte das pessoas.

De quem é a culpa? Do influenciador? Do público? Dos dois?


Simples: dos dois. Querem ver?

Do influenciador:

Não sabe do que está a falar, mas acha que deve falar sobre determinado assunto. Transmite um sem-número de ideias erradas, fruto do seu conhecimento igual a zero, mas como tem números e bom alcance, então acha que pode dizer o que bem lhe apetecer.

Do público:

Nos dias de hoje, vemos as novas gerações a desprezarem uma coisa que se chama "espírito crítico". Não conseguem pensar por elas mesmas. Não conseguem enxergar a realidade. Não têm vontade, determinação nem interesse em pesquisarem sobre determinado assunto: limitam-se a ler e ouvir as merdas que as pessoas escrevem sem qualquer questão. Sem qualquer vontade de perguntar se aquilo que estão a ouvir faz sentido e se corresponde à realidade.

Não concordam comigo?


Ultimamente, tenho lido e visto muita coisa na Internet. Lido muitas barbaridades na área da saúde e cosmética (a minha área profissional). Visto e ouvido muitas coisas estapafúrdias no YouTube e no Instagram. É assustador o nível de conhecimento abaixo de zero que se vê, hoje em dia, nas redes sociais.

Os influenciadores não querem aprender?
Os influenciadores já não valorizam o conhecimento?
Os influenciadores não pesquisam?
Os influenciadores não pensam no quão errado é transmitir informação errada?


Não! Um "Não" bem redondo!

Pior do que dizer baboseiras pela internet (e o alcance que as mesmas conseguem ter), é a falta de humildade das pessoas por detrás dos canais de Youtube, por detrás de uma conta de Instagram, por detrás de um blogue.

Tendo em conta o que se tem verificado ultimamente, e as polémicas constantes que têm surgido, têm surgido demasiadas discussões de algo que deveria estar presente em cada um dos criadores de conteúdo desde o início - responsabilidade social.

Influenciador

Por mais inocentes que as pessoas sejam e pensem que aquilo que estão a dizer não vai influenciar alguém, estão muito enganadas. Por mais que pensem que isso não vai ser grave, desenganem-se!

Vão existir pessoas a serem influenciadas.
Vão existir pessoas a seguir aquilo que estão a dizer, encarar essa informação como fidedigna (porque, afinal, veio de um influenciador muito conhecido e com grandes números e fama) e, quando o assunto é saúde, poderá acarretar problemas graves tamanha irresponsabilidade.

E depois a culpa é de quem? Quem culpar nestas situações?


Eu sigo um lema de vida muito simples e divulgo aqui para vocês, que é o seguinte:

Quando uma pessoa não sabe o que diz, está calada!

Se vocês não percebem de determinado assunto, calem-se! Fiquem de boca fechada. É o melhor que podem fazer. Porque, caso contrário, dá merda.

Num mundo em que muitas pessoas têm imensa informação disponível, mas pouco conhecimento, este tipo de influências são a receita ideal para o desastre!

Acreditem em mim. Vejo pessoas a chegarem à minha beira com problemas (felizmente) ligeiros, mas resultantes destes ditos expert em skincare e haircare que inventam um sem número de ideias parvas e divulgam-nas como sendo lei.

Estupidez nível infinito!


Vamos a ter um pouco mais de calma naquilo que dizemos.
Vamos a ter um pouco mais de responsabilidade naquilo que produzimos.
Vamos a ter um pouco de consciência e tentar falar apenas daquilo que sabemos falar. Ou então, estudem. Investiguem. Questionem pessoas da área sobre determinado assunto.

Isso é ser um bom influenciador. Aquele que pensa nas consequências dos seus actos e que realmente se encontra preocupado com os seus leitores. Com o impacto que as suas palavras vão ter em quem os segue.

Influenciador "decente" não é aquele que dissemina informação errada "a torto e a direito" e vende-a como sendo verdadeira.

Vamos ser responsáveis e ser um melhor influenciador?

18 comentários:

  1. Eu tento ao máximo passar a ideia de que os produtos e as coisas que “recomendo” são com base na minha experiência e que tenho zero conhecimento para aconselhar verdadeiramente algo. Mas vê se pessoas a falar como se percebessem mesmo do assunto e no fundo só estão a dizer asneiras!

    TheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook

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    1. É assustador e inconsciente. Muitas pessoas não têm a mínima noção do quão perigoso este tipo de mensagens podem ser. Tal como dizes, convém salientar que "o que resulta contigo, poderá não resultar noutra pessoa". O problema é que vemos pessoas a não pensarem assim e recomendarem as coisas com base em baboseiras.

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  2. Gostei bastante da tua partilha, realmente sempre que uso algo digo comigo resultou, mas nada como testares e ver se vais gostar ou tentar pedir uma amostra
    Beijinhos
    Novo post // CantinhoDaSofia /Facebook /Intagram
    Tem post novos todos os dias

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    1. Devíamos ser todos assim, Não digo para não dizermos que determinado produto ou serviço existe, mas sim ressalvar a nossa posição e dizer que resultou connosco, mas poderá não resultar com as outras pessoas. Infelizmente, nem toda a gente tem essa posição!

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  3. A verdade e a consciência com que fazemos as coisas tem que prevalecer sempre. Uma coisa é partilhar uma experiência pessoal (fazendo essa ressalva), outra coisa completamente diferente é abordar uma área que não se domina como se houvesse formação para tal. A segunda é, no mínimo, uma tremenda falta de respeito, não só por quem lê, mas também por quem, efetivamente, tem conhecimentos sobre o assunto.
    Todos influenciamos e todos somos influenciados (naturalmente, em números distintos), mas tem que existir bom senso no que se publica. Por exemplo, eu tenho noção que não chego assim a tantas pessoas, mas, provavelmente, chego a alguém. Portanto, tenho que ter cuidado com a informação que passo. E acho que isso nem deveria ser um requisito extra, deveria ser algo intrínseco. Mas enquanto as pessoas só olharem para aquilo que podem ganhar, sem se preocuparem em estabelecer um compromisso genuíno, isso mudará :/
    Apesar disso, também sinto que é uma culpa repartida, porque enquanto público também devemos questionar as coisas, ao invés de as consumirmos como verdades absolutas

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    1. Lá está Andreia, não só devemos ter cuidado com aquilo que dizemos e escrevemos (por poucas pessoas que influenciemos, é sempre alguém que é influenciado por nós). Para além disso, enquanto público, há que questionar tudo o que se ouve. Ter espírito crítico. Pensar por si mesmo e não considerar tudo como verdade absoluta, tal como dizes. Na parte do público, falta muito este último ponto. As novas gerações são mais "online" e consomem imenso este mercado e, não desenvolvendo esse espírito crítico, vão aceitar tudo como lei e depois o que é que acontece? Dá asneira! Ainda ontem nos meus stories falei disso: de uma revista que comunicou mal o produto, então os leitores assumiram aquilo como verdade e só andam a utilizar o produto como algo que não é...

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  4. Então acabemos também com a publicidade a maus produtos porque as pessoas não têm dois dedos de testa para analisar se aquilo faz sentido ou não. Ainda ontem comentei num outro blog que, na minha opinião, o problema é do público e não do influenciador. O público é que saber filtrar a informação que recebe e não usar algo porque um influenciador lhe diz ou comprar algo porque viu uma publicidade a isso.

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    1. Caro Anónimo, em que sentido um mau produto? Tudo o que é vendável, desde que haja orçamento, tem publicidade associada. O produto pode não resultar em toda a gente, tendo em conta as suas especificidades. O público, claro está, tem a sua quota parte de culpa porque deixa-se influenciar, mas é como eu digo no post: não há espírito crítico. Não há um esforço em pesquisar e questionar se aquilo que está a ser publicitado/divulgado faz sentido ou não.

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  5. Adorei a forma como abordaste o assunto! Sem dúvida que, tem havido um enorme "boom" dos famosos Palpiteiros! E quem lê deixa-se levar na cantiga do bandido sem parar para pensar se o que lêem de facto estará correto! É triste!

    Tudo o que escrevo no meu blog é com base naquilo que vivi. Nas minhas experiências, no conhecimento que possuo! Mas...infelizmente " de médicos e de loucos todos temos um pouco"! O mais triste é quem diz o que pensa e foge ao conformismo é julgado em praça pública! Pior que os tempos medievais!

    Adorei mais uma vez, excelente abordagem!

    A Alfacinha

    www.aalfacinha.com

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    1. Obrigado pelo comentário e pelas palavras. De facto, é triste ver pessoas com "algum poder de influência" deixar-se levar por famas e afins e achar que é dono da verdade. Então são sabichões e só dizem porcaria da boca para fora sem qualquer filtro e sem qualquer tipo de formação e base que justifiquem o que estão a dizer (atenção que não são todos os influenciadores e criadores de conteúdo que têm esta posição). Penso que não está a haver responsabilidade por parte desta fatia de influenciadores. Não têm verdadeiramente consciência do impacto das suas palavras. Há muitos adolescentes que os seguem e que os consideram lei e sabedores da verdade e não questionam o que eles dizem: consideram como verdade e já está. Há que ter cuidado com isto, porque depois há consequências e aí, de quem é a responsabilidade?

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  6. As pessoas não têm consciência do que é ser-se influenciador. Vamos dar o exemplo de uma blogger mais ou menos conhecida do mundo do youtube português que faz um vídeo sobre "o rapaz que teve um ataque à minha frente" e descreve o que nos pareceu ser um ataque epiléptico. Diz que a fez pensar na vida porque ela ia no comboio e vê o rapaz a ter um ataque. Isto porque o rapaz podia ter morrido ali senão fosse o facto de lá ir um rapaz que o conhecia e dois médicos. Ora vamos lá ver, ninguém morre por ter um ataque epiléptico como ela sugeriu... Completa ignorância! Mas o pior de tudo é que devem haver n pessoas com epilépsia que a seguem e que vão sentir complexos com o que ela disse sobre o assunto. Há que ter consciência!!

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    1. Não só o conteúdo está errado, mas também a forma como está a ser comunicado. Nesse caso em particular, a epilepsia é uma doença com que é necessário saber viver (obrigatoriamente). Realmente, foi um bocado insensível da parte dela colocar as coisas dessa forma (eu não vi o vídeo, baseio-me no que me estás a dizer). Devia ter um pouco mais de consciências, mas, acima de tudo, mais tacto!

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  7. Infelizmente isto é o prato do dia. Pessoas que se acham influencers porque têm determinado número de seguidores... Pessoas que acham que sabem tudo.
    Enfim.
    Beijinho*

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  8. Gracias por la informacion!! Este tipo de blogs me parecen muy importantes, esto lo estudio en la universidad, donde los voy a compartir gustosamente con mis compañeros. gracias por la informacion. https://uautonoma.cl

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  9. Allo Ricardo. Tinha de dar o meu bitaite neste post. Eu devo confessar que quando comecei o projeto Mercado do Homem foi no intuito de perceber como funcionava o mundo dos influencers digitais. A minha formação em Comportamento de Consumo e a minha pouca vontade de pagar formações sobre esta área, levaram-me a ir para o terreno. Devo confessar que ao fim de alguns anos, já começo a ter algumas conclusões e compreensão de como a coisa funciona. E aplico no meu daily job. Eu percebo onde vale a pena investir dinheiro :) No início achei super interessante esta forma de comunicar. Até porque estamos a falar do Word to Mouth. Uma das estratégias de marketing mais fidedignas. Passadas de pessoas em que confiamos sobre determinado produto ou serviço. E na verdade esses são os influenciadores. Os que influenciam alguém a comprar algo. Se na verdade eu estiver a falar de produtos e ninguém comprar, sou apenas um instagrammer. E nem as marcas nem os instagrammers, como eu, têm essa noção. Não vale a pena gastar dinheiro em instagrammers, se isso de facto não se reverter em vendas. Os instagrammers que não revertirem em vendas não vão durar muito tempo. Porque no inicio até segues por piada, mas se essa pessoa não te passar confiança nas coisas que diz e recomendar, mais cedo ou mais tarde vais deixar de interagir com ele. E se pensares bem, na verdade, foi isso que o Instagram fez numa das últimas atualizações tão polémicas. Com o tempo, quem realmente não é influencer, acaba por desaparecer.. Podem-se levantar várias questões. A partir de que retorno é que um instagrammer é considerado influencer. De que forma um instagrammer gere as diferentes marcas de que fala. Eu tenho o meu truque. Que devo dizer que só lá cheguei quando percebi que tinha de falar do que realmente eu gostava e do que realmente sabia por experiência própria. Tu és nesse aspecto um dos perfis que eu considero mais confiáveis. Na verdade não há muitos homens a falar de produtos de beleza, e muito menos com os conhecimentos técnicos que tens. E isso é algo que não é normal encontrar na internet. Podemos não ter milhões de seguidores. E não importa de são comprados ou não. O que importa é que façamos o que gostamos, falemos do que usamos, e sejamos honestos com as pessoas e com as marcas. :) Com o tempo acabamos por construir o nosso lugar na internet, e as agências de PR mais inteligentes estarão atentas.

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    1. Bem João, antes de mais, muito obrigado pelo teu comentário. Não só enriqueceu e complementou o que escrevi nesta minha publicação, como me deixaste "sem palavras" e "sem graça" com as tuas palavras. Muito obrigado pela tua opinião sobre mim e sobre o meu trabalho: significa imenso e significa que o meu trabalho é reconhecido (nem que seja apenas por uma pessoa eheh). De facto, e ultimamente, temos vistos imensas coisas estranhas, imensas asneiras que fazem comichão a quem percebe das coisas. De facto também, algumas marcas e agência começam a estar mais atentas também ao conteúdo e não tanto aos números. Se o paradigma irá mudar brevemente? Sinceramente, não sei, mas espero realmente as que agência de PR mais inteligentes (tal como dizes) comecem a ser mais criteriosas em quem escolhe como bloggers "apoiantes". Não estou com isto a dizer que tenho inveja de quem é. Nada disso. Apenas pedia um pouco mais de consciência e responsabilidade social. É o mínimo enquanto influenciador, não?

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