Colaboração com BLOGAZINE #2 | Edição 5 - Novembro 2015

Mais uma edição da Blogazine (já foram ver?) e, com isso, mais um texto escrito por mim. Desta feita foi sobre Hiperatividade que cada vez mais se vê mais crianças medicadas para este efeito e é cada vez maior o número de pais que vão ás Farmácias à procura de conselhos e de alguma ajuda para saberem como lidar com esta problemática. Ora vejam e, já sabem, sintam-se à vontade para fazer comentários. :)


Hiperatividade: uma realidade

No início da época escolar, temos conhecimento de que determinadas crianças se encontram medicadas para a hiperatividade. Enquanto Farmacêutico Comunitário, noto uma maior procura de medicamentos para este efeito entre os meses de setembro e de novembro. Existem cada vez mais pais à procura deste tipo de medicação para os seus filhos e é uma preocupação constante, e motivo de procura de algum tipo de apoio emocional, quanto ao comportamento dos mesmos na escola, se a medicação irá resultar e fazer com que os seus filhos fiquem mais atentos e mais bem comportados nas aulas.

Mas, afinal, o que é a Hiperatividade?
A Hiperatividade não é falta de concentração por falta de empenho ou um comportamento indisciplinado resultante da educação dada pelos pais. Muito pelo contrário, se os pais de crianças sem Hiperatividade se empenhassem da mesma forma que os pais de crianças Hiperativas na educação dos seus filhos, todos eles seriam uns génios, plenos de boa educação e extremamente organizados.
Educar ou viver com alguém com Hiperatividade é um desafio enorme e os familiares, amigos e colegas de pessoas com este transtorno deveriam receber o devido mérito. Para teres noção das limitações desta patologia, pedir a uma pessoa Hiperativa para se concentrar e organizar é a mesma coisa que pedir a uma pessoa com miopia para se esforçar mais e tentar ler sem os óculos ou pedir a um coxo para correr mais depressa.

A Hiperatividade é uma condição física que se caracteriza pelo subdesenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro, nomeadamente: Lobos Frontais (atenção, tomada de decisões, planeamento, organização, resolução de problemas, consciência e controlo de emoções); Corpo Caloso (canal de comunicação entre os hemisférios esquerdo e direito cérebro); Gânglios da Base (movimento, controlo dos músculos, aprendizagem e coordenação, para além de desempenharem um papel muito importante no controlo da impulsividade); e Cerebelo (controlo motor, ou seja, tudo o que está relacionado com os movimentos do corpo humano). Para além deste, na Hiperatividade também se verifica uma menor circulação sanguínea no cérebro e uma má gestão da glucose, que é o principal combustível do cérebro. Tudo isto combinado leva a que haja uma má circulação entre neurónios, má comunicação e falta de sincronização entre as várias partes do cérebro.

Existem alguns tipos de Hiperatividade, sendo os mais relevantes:
Predominantemente Desatento – dificuldade em prestar atenção e manter a concentração por períodos de tempo a assuntos que são pouco interessantes para a pessoa;
Predominantemente Hiperativo e Impulsivo – dificuldade em se manter sossegado no mesmo local quando a tarefa ou conversa não é interessante para a pessoa. Outro aspeto é a dificuldade em parar para pensar/analisar as consequências da ação que está prestes a iniciar;
Combinado Desatento e Hiperativo – forma mais comum. A pessoa é desatenta, hiperativa e impulsiva.

A Hiperatividade é atualmente a “desordem mental” mais diagnosticada em crianças, estimando-se que 7 a 8% de todas as crianças sejam Hiperativas, num total de 100 mil crianças em Portugal. As estatísticas indicam que cerca de 40% das crianças diagnosticadas deixam de ter sintomas durante a adolescência, o que significa que os outros 60% vão continuar a ter os sintomas da Hiperatividade durante a vida adulta. A maior parte dos adultos Hiperativos não sabem que a têm porque sempre se pensou que a Hiperatividade desaparecia durante a adolescência mas continuam a enfrentar os desafios diariamente. Em muitos casos, não é muito evidente porque a pessoa desenvolveu estratégias para lidar com a doença e minimizar as consequências dos sintomas.

Quais os sintomas da Hiperatividade?
O principal sintoma é quando uma criança ou adulto não está a conseguir ou não consegue aproveitar todo o seu potencial. Estes são, na maior parte das vezes, pessoas com inteligência acima da média, carismáticos, cheios de energia, divertidos e criativos. Mas, infelizmente, não conseguem gerir todas estas características para benefício próprio e das pessoas que os rodeiam.
Outros sintomas são: dificuldade em terminar tarefas ou projetos; facilidade em distrair-se; dificuldade em concentrar-se; problemas de organização e indisciplina; superconcentração quando a informação e/ou tarefa é interessante ou estimulante; dificuldade em planear a médio e longo prazo; ansiedade; impulsividade; bater com a parte da frente do pé ou calcanhares no chão, cruzar e descruzar as pernas constantemente; bater com os dedos ou outros objetos, como lápis, na mesa; mudanças de humor ou disposição repentinas, entre outros, e são mais visíveis: durante a tarde e noite; quando as tarefas são mais exigentes e complexas; quando a informação ou tarefa são pouco interessantes ou estimulantes; ou quando as situações exigem um comportamento mais controlada durante um espaço de tempo como um jantar num restaurante, numa reunião ou numa aula.

Existe tratamento?
Sim, existem vários tratamentos eficazes para controlar a hiperatividade a curto e longo prazo. No entanto, não existe nenhum tratamento que, sozinho, seja eficaz. O melhor tratamento é sempre uma combinação de trabalho físico, mental e emocional e é sempre: planeado para e adaptado à pessoa; de fácil adaptação e execução; e que englobe todos os ambientes ou ainda medicação, sendo que esta é apenas e somente indicada pelo médico Pediatra ou outro médico especialista na área, acarretando, no entanto, alguns efeitos adversos. Estes podem ser do foro gastrointestinal, cardiovascular, ou outros. Desta forma, é bastante importante o acompanhamento dos Hiperativos, de forma a controlar as suas reações face aos diversos tratamentos e, assim, ajusta-lo de acordo com as suas necessidades.

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