Vamos Falar De Skin Cycling?

Vamos Falar De Skin Cycling?

Hoje é dia de falar de uma tendência que surgiu no final do ano passado - Skin Cycling.

Desengane-se quem acha que é colocar a pele a andar de bicicleta (piada fácil, eu sei!). É uma tendência que surgiu durante a pandemia, foi "apresentada" no final de 2022 e irá "prolongar-se" durante algum tempo, tendo sido desenvolvida pela médica dermatologista Whitney Bowe.

NOTA: tenho dois vídeos no meu instagram (reels, vá) onde falo desta tendência. Aqui, vou tentar dar mais pormenores sobre a mesma e a minha opinião sobre este assunto - que pode ser um pouco controversa.

Qual o conceito?
O Skin Cycling foca-se na preservação da barreira cutânea. Os nossos músculos precisam de recuperação, o nosso cérebro precisa de dias de recuperação, por isso, faz sentido que a pele também beneficie de dias de recuperação. Adota uma abordagem do tipo "menos é mais" e implica rigor e consistência (como em tudo no que diz respeito a rotinas e cuidados de pele), apesar de ser bastante simples de executar. O Skin Cycling encoraja-nos a utilizar produtos de uma forma estratégica para se potenciarem uns aos outros.

NOTA: este é um dos assuntos abordados no curso "Cuidados Gerais da Pele" presente na The Cosmetic Academy.

Características:
É um método de aplicação rotativa de cosméticos de diferentes ingredientes principais, com o objetivo de evitar a esfoliação excessiva da pele e promover a sua recuperação. Método este que se refere apenas à rotina noturna e pressupõe sempre a limpeza da pele, com um produto adequado. O ciclo deverá ser de 4 noites e adapta-se a todas as peles, podendo haver algum ajuste nas peles mais sensíveis ou bastante resistentes. O que utilizar na rotina matinal? Produtos com vitamina C, dado o seu potencial antioxidante.

O ciclo das 4 noites...
Vamos, então, explicar qual a ordem de utilização dos produtos.

Noite 1 - Esfoliação
Aqui é preciso optar por produtos esfoliantes químicos em vez de esfoliantes físicos (estes últimos são demasiado abrasivos e podem causar lesões na pele do rosto). Um sérum esfoliante químico - com ácido salicílico, glicólico, mandélico ou láctico (por exemplo) é mais suave e eficaz, preparando a pele e maximizando a absorção dos cuidados aplicados na Noite 2 e seguintes.

Noite 2 - Retinóide
Os retinóides são os ingredientes mais poderosos a incluir neste método e, até à data, os melhores na ação anti-envelhecimento. Numa pele mais sensível, devemos proteger as zonas dos olhos, sulcos nasogenianos (aquelas "linhas" que vão desde as asas do nariz até aos cantos da boca) e pescoço com um cuidado hidratante antes de aplicar o retinóide e depois (a chamada "técnica do sanduíche").

Noites 3 e 4 - Recuperação
Nestas noites, o objetivo é assegurar a estabilidade da microbiota da pele e reparar a barreira cutânea. Como? Focando-nos no principal - hidratação. Os ingredientes que devemos privilegiar nesta fase são as ceramidas (lípidos existentes naturalmente na nossa barreira cutânea), ácido hialurónico, glicerina, esqualano, prebióticos, entre outros. Depois da Noite 4, voltamos a repetir o ciclo.

Que resultados esperar?
A consistência deste método é essencial e promete resultados muito bons. Existem registos de peles que mudaram muito apenas com uma alteração da periodicidade de aplicação, mantendo os mesmos produtos. Não só toleram melhor os ingredientes, como também atingem resultados que não acreditavam ser possíveis.

Após dois ciclos, qualquer mancha ou sensibilidade deverá estar muito melhor. Podemos esperar ver um brilho mais saudável na pele, assim como uma sensação geral de pele mais hidratada e mais suave. Feito continuamente, veremos uma transformação positiva, ou seja, menos rugas, manchas escuras a melhorar e mais conforto.

Agora vamos à minha opinião sobre este assunto...


Sinceramente, acho que não vemos nada de novo aqui. Idealmente, a esfoliação da pele deve ser feita uma a duas vezes por semana - de facto, os esfoliantes químicos podem ser mais seguros de utilizar que os físicos, mas é preciso saber utilizá-los - pelo que o Skin Cycling não é inovador neste sentido.

Relativamente à utilização de produtos hidratantes durante duas noites e antioxidantes todas as manhãs, também não é inovador, dado que já há provas mais que dadas que estes ingredientes são benéficos para a nossa pele.

No que diz respeito aos retinóides, aqui há duas "vias", digamos assim:
1) Para quem nunca utilizou retinóides - e pretende iniciar - acho que é uma boa forma de o fazer - usar retinóides de quatro em quatro noites. Até aqui tudo bem. Aliás, até podemos atingir concentrações maiores para estimular a renovação celular da nossa pele.

2) Para quem já utiliza retinóides numa base diária, pensem comigo, qual o benefício de reduzir a frequência de utilização de retinóides, mesmo mantendo a potência dos mesmos? "Dar descanso" à pele? Se a pele for resistente (vamos falar assim) aos retinóides e não reagir aos mesmos e se "se der bem" com eles, há necessidade de alterar?

Neste ponto 2) acho que é mais benéfico manter a frequência e ir aumentando a potência gradualmente que reduzir a frequência para duas noites por semana (aproximadamente) e aumentar ou manter a potência.

Por último, os efeitos na pele da utilização contínua dos retinóides verificam-se ao fim de 8 a 12 semanas com uso diário dos mesmos e, no início, irá existir a "purga" que é "toda a porcaria que está por baixo da pele vem ao de cima" (acho que é uma boa forma de descrever o "fenómeno", dado que a renovação celular irá ser acelerada).

Se assim é, ao fim de dois ciclos (oito noites) já há assim tantas diferenças em relação à textura ou aspeto da pele? Se estivermos a falar de uma pele desidratada ou a "receber" produtos errados, até consigo entender as melhorias "extremas". Numa pele bem cuidada e íntegra, já existir resultados ao fim de oito dias... custa-me a acreditar.

NOTA: eu não pratico Skin Cycling, dado que utilizo retinóides diariamente e não vejo razão para alterar.

Atenção que não estou a dizer que sou contra. Apenas digo que não vejo nada de inovador e, segundo ponto, para utilizadores diários de retinóides, não vejo benefícios.

Alguém por aí já é adepto desta "tendência"?

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