Infância | Do Que Sinto Mais Falta? Como Reviver?

Quem ler o título pensa que a minha infância já foi há imenso tempo.

Infância

Nada disso!


No entanto, nada me impede de relembrar, com nostalgia, algumas das coisas que tive na minha infância e das quais sinto falta, agora com 31 anos.

Umas mais específicas, outras mais gerais, eis algumas coisas que sinto falta da minha infância.


Não ter nem metade das responsabilidades que tenho agora enquanto adulto

Preciso de me alongar neste ponto?

Brincar livremente na rua perto de minha casa, sem relógio e não estar preocupado com isso

Tinha uma Mãe, assim como todas as outras Mães da rua, que vinha à janela chamar-me sempre que era preciso ir almoçar ou jantar ou fazer outra coisa qualquer.

Não existir telemóveis na minha infância

Não éramos mais felizes desta forma? Não éramos tão viciados nas redes sociais, nem em fotografias nem nessas coisas mais fúteis. Não havia necessidade de fotografar tudo e mais alguma coisa sempre que íamos a um sítio qualquer. Era chegar e apreciar. E documentar na nossa memória.

Quando ligava o modem (em 1990 e carqueja) para aceder à Internet e rezar para que ninguém ligasse para o telefone fixo. Caso contrário a ligação caía

Quem não se lembra disto? Quem não tem saudades desses tempos em que temíamos pelas nossas pesquisas para trabalhos da escola e, a meio, PLIM, ligação desligada porque alguém se tinha lembrado de ligar?

Os intervalos nos canais televisivos não duravam mais de 5 minutos

Sejamos sinceros: para aqueles que vêem televisão, é saturante estar 20 minutos ou mais à espera que o programa que estamos a ver recomece. São sempre os mesmos anúncios, às mesmas horas, com as mesmas pessoas, com os mesmos produtos. A tendência é esta: a publicidade veio para ficar.

Andar sozinho (ou com um grupo de coleguinhas da escola) na rua, sem problemas de assaltos ou roubos ou raptos - infância de muita gente

Os tempos mudaram e hoje em dia é impensável mandar dois ou mais miúdos de 10 anos sozinhos para a escola, mesmo que esta seja a "meia dúzia de passos" da casa onde vivem.

No meu tempo havia um percurso e nós íamos "chamar" os colegas ao longo desse percurso e, no final, éramos uns 10 a chegar à escola todos juntos. E à volta, esperávamos todos à porta da escola para fazer o mesmo no sentido inverso. É das coisas que mais me recordo e mais sinto nostalgia. Destes tempos "seguros".

Enviar (e receber) uma carta

Eu sou do tempo (risos) em que escrevia uma carta e ficava ansioso para receber a resposta da pessoa do lado do destinatário. Lembro-me de ter uns quantos PenPals em que trocava cartas e nos conhecíamos. Trocávamos ideias, contávamos o que nos tinha acontecido nesse intervalo de tempo entre receber uma carta e outra, enfim, algo que, infelizmente, caiu em desuso.

Uma pessoa agora parece que já não sabe escrever, pois é tudo automatizado e tudo com correctores ortográficos (aqueles que os usam, claro está).

Aliás, as únicas cartas que uma pessoa recebe na vida adulta são contas para pagar, impostos e bancos, maioritariamente. Certo?

Jogos de consola na Sega Mega Drive

Em miúdo, eu vibrava com os jogos do Sonic e do Tails (quem se lembra?), à caça dos anéis e a passar os níveis todos para chegarmos ao fim do jogo. Consola com jogos de cartucho em que tínhamos de enfiar o cartucho na ranhura da consola e esperar (eternidades, por vezes) que a consola ligasse e o jogo arrancasse.

Agora, é tudo à distância de um clique e nem é preciso consolas (quase).

Séries dobradas - uma em particular

Não que fosse, ou seja, o maior fã de séries dobradas - prefiro legendas - mas quem não se lembra do Michael Knight (da série "O Justiceiro"), do seu carro Kit com a sua luzinha vermelha a andar de um lado para o outro e a fazer um som semelhante a "wo wo, wo wo" e a mítica frase que Michael Knight proferia em português com sotaque brasileiro:

Infância

"Kitxi, vem-mi buscá!"

PRICELESS!!!


E estas são apenas algumas das coisas que mais sinto falta da minha infância. Algumas são parvas, eu sei, outras mais "profundas" e dignas de uma pessoa nos seus 70, 80 anos, mas um gajo, por vezes, pensa nisso e esta é uma boa forma de reviver as coisas boas que fizeram parte dela.

E vocês? Do que sentem mais falta da vossa infância?

14 comentários:

  1. A minha infância foi muito diferente da tua. Tenho algumas coisas em comum: não ter responsabilidades (isso é sempre, não é?), não ter telemóveis (só tive para aí aos 10), e também só podia usar a Net se ninguém usasse o telefone fixo. No entanto, já não sei o que é andar na rua sem ter medo que me assaltassem nem brinquei muito na rua. Na minha altura, já era tudo muito mais perigoso.
    Beijinhos
    Blog: Life of Cherry

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A diferença de idades aqui tem alguma significância ;) Eu só tive telemóvel aos 14 anos e foi porque ia entrar no secundário no ano a seguir e ia estudar para mais longe de casa (e também porque a maior parte dos meus amigos já tinham) - agora vemos miúdos de 6 e 7 anos com telemóveis topos de gama nas mãos - wtf?. Relativamente ao andar na rua, eu brincava sozinho, estava até "altas horas da noite" a brincar e não havia problema, mas os tempos mudaram e agora está um bocado mais perigoso!

      Eliminar
  2. Totalmente a minha infância, então a do Kitxi, vem mi busca é qualquer coisa que guardamos com muito carinho. Outra coisa é realmente ir e vir para a escola sozinha - escola primária, leia-se. Tranquila da vida com ou sem colegas. Era maravilhoso. Que bons tempos!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, uma pessoa era livre e não andava sempre a olhar por cima do ombro a ver se alguém nos seguia ou afins. Agora, esquece! É impensável enviar miúdos tão novos sozinhos para a escola. Os tempos mudaram e é preciso ser mais cauteloso, é um facto!

      Eliminar
  3. Apesar de morar no Brasil, me identifico muito com a tua infância, estar à quem o relógio, sem responsabilidades...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, não andar dependente de relógios e apenas dependente dos pais nos chamarem da janela é só das coisas que mais sinto falta. Muito bom mesmo! :)

      Eliminar
  4. Acho que tenho mais saudade é não ter telemóvel e brincar ao ar livre. Inventar jogos, brincar até as tantas no verão e não ter problemas com assaltos.. Eu lembro de escrever e receber imensas cartas, quando voltei do Canadá, era assim que mantinha contacto com meus amigos de lá, mas o facebook (nesse sentido) foi das melhores invsões.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é um facto - uma pessoa encontra-se apenas à distância de um clique, mas aquela sensação de escrever, enviar e estar ansioso para receber a carta de volta, é disso que sinto falta. Agora, claro, é mais fácil e mais "prático" mas não deixo de sentir saudades dos velhos tempos.

      Eliminar
  5. Que nostalgia! Também sinto falta de várias coisas desta lista. Às vezes, dá vontade de recuar no tempo e passar por certas etapas novamente, porque fomos muito felizes a vivê-las e nem sempre demos conta disso

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E só quando não as temos, é que sentimos falta delas :) Mas faz parte da vida de qualquer pessoa: relembrar os bons velhos tempos da nossa infância e transmitir essas nossas recordações às gerações seguintes e "debater" as diferenças.

      Gosh, agora senti-me um senhor de 90 anos ahaha

      Eliminar
  6. Subscrevo quase na integra, face à diferença de idades :))))
    Relembrei alguns amigos e momentos que passamos juntos.
    Abraço e continuação de bons posts ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado, meu amigo. Sim, a diferença de idades existe, mas há sempre algumas coisas "em comum" ;) Abraço

      Eliminar

O Pinguim Sem Asas. Todos os direitos reservados. Com tecnologia do Blogger.